Fertilizantes orgânicos podem ser alternativa no Brasil

07/03/2022
E, em 2020, as vendas dos fertilizantes orgânicos, cuja maior parte é obtida na compostagem de resíduos, já haviam se expandido em 44,5%.

O que já era ruim, pode piorar – a grande dependência da agricultura brasileira por fertilizantes importados ganha mais uma preocupação neste momento: o conflito entre Rússia e Ucrânia, uma vez que os russos são nossos maiores fornecedores de potássio para fertilizantes. Antes, o abastecimento de fertilizantes minerais já vinha enfrentando dificuldades devido à crise logística desencadeada pela pandemia, com a falta de contêineres e atrasos operacionais nos portos e também com a proibição, pela Lituânia, do transporte em seu território de produtos da Bielorrússia, uma das maiores fontes mundiais de potássio. 

Nesse cenário, surgem como alternativa os fertilizantes orgânicos, “que potencializam e aumentam a eficiência no aproveitamento dos nutrientes contidos nos minerais, ganhando importância ímpar no mercado”, salienta o engenheiro agrônomo Fernando Carvalho Oliveira, da Tera Ambiental.

Os fertilizantes orgânicos são produzidos pela Tera Nutrição Vegetal, por meio da compostagem de resíduos orgânicos em escala industrial. Nos últimos quatro anos, a empresa produziu e comercializou a totalidade de sua produção, ou seja, 196 mil toneladas de fertilizantes orgânicos compostos.

Os números estão em linha com os dados gerais do segmento. Estimativa da Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo) indica que o mercado de fertilizantes especiais do Brasil deve ter crescido 24% no ano passado, na comparação com o anterior. E, em 2020, as vendas dos fertilizantes orgânicos, cuja maior parte é obtida na compostagem de resíduos, já haviam se expandido em 44,5% na comparação com 2019, passando de R$ 231 milhões para R$ 334 milhões.

Considerando a dinâmica da agricultura brasileira, a demanda por fertilizantes em geral deverá continuar elevada, avalia Oliveira: “o País importa cerca de 85% dos adubos de origem mineral, apresentando forte dependência externa. Assim, dado o cenário que tem dificultado as compras internacionais e o câmbio, com a moeda nacional desvalorizada, há espaço crescente para os fertilizantes orgânicos. Estes não substituem, mas potencializam os efeitos dos minerais, propiciando maior aproveitamento de seu uso”.