Vale vai recuperar 500 mil hectares de florestas

24/06/2021
Dos 500 mil hectares, 400 mil são florestas já existentes e 100 mil correspondem a áreas degradadas.

A Vale comprometeu-se a recuperar mais 500 mil hectares de florestas no Brasil até 2030, medida que vai contribuir com o objetivo da mineradora de ser carbono neutra até 2050. Há 40 anos a Vale vem ajudando a proteger quase 1 milhão de hectares na Amazônia e na Mata Atlântica. Dos 500 mil hectares da meta, 400 mil são florestas já existentes que a empresa irá colaborar com a proteção e 100 mil correspondem a áreas degradadas que, por meio do Fundo Vale e de uma rede de parceiros, serão recuperados através de negócios de impacto socioambientais positivos.

O Fundo Vale, em 2020, apoiou projetos-pilotos com diferentes modelos de sistemas agroflorestais e silvipastoris – que conciliam o cultivo de espécies nativas com espécies comerciais ou com a criação de animais – nos estados do Pará, Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Minas Gerais, somando mil hectares. Neste ano serão mais cinco mil hectares para chegar, a seis mil hectares recuperados em um prazo de dois anos. Os investimentos são de aproximadamente R$ 100 milhões. 

Com as iniciativas, a Vale espera capturar 26 mil toneladas de CO2 equivalentes por ano e gerar 1.100 oportunidades e empregos diretos. Dos seis pilotos de 2020, a Vale conseguiu implantar a incubação de duas novas startups florestais: a Belterra, que atua em quatro estados (BA, PA, MG e RO), com foco em sistemas agroflorestais; e a Caaporã, com ações em São Paulo e Mato Grosso, e que fomenta sistemas agrosilvipastoris, conciliando cadeias de proteína animal com o cultivo de nativas. Ao final de 2021, os melhores modelos de negócios de impacto responsáveis pela recuperação dos seis mil hectares iniciais serão acelerados pelo Fundo Vale. “Para neutralizar as emissões da empresa, será inevitável gerar ou acessar o mercado de créditos de carbono em algum momento. Mas não queremos qualquer carbono. Pensamos em ir além, queremos um carbono que envolva conservação, recuperação e melhoria nas condições de vida. E isso se conecta com o nosso propósito, de criar e compartilhar valor”, explica a diretora do Fundo, Patrícia Daro. 

Na prática, a ideia é desenvolver e fortalecer instrumentos financeiros que possam destravar o acesso a recursos financeiros e mercados para negócios de impacto que valorizam a floresta em pé ou para que cadeias produtivas se tornem mais sustentáveis, o que significa catalisar operações de investimentos híbridos (blended finance), alavancar recursos financeiros públicos, privados e filantrópicos, destinados a esse negócios e, com isto, permitir a recuperação e conservação ambiental em larga escala.

A Vale avança também na proteção de novas áreas florestais. Em 2020, a companhia firmou parceria com quatro unidades de conservação (UCs), que somam 52 mil hectares, sendo três no.Espírito Santo (Floresta Nacional de Goytacazes, Reserva Biológica de Duas Bocas e Monumento Natural Serra das Torres) e uma no Rio de Janeiro (Parque Estadual Cunhambebe). Para 2021, a previsão é de chegar a pouco mais de 100 mil hectares de áreas protegidas. A parte técnica dos processos de recuperação e conservação incluídas na meta é coordenada por uma equipe especializada da Reserva Natural Vale, uma área de 23 mil hectares de Mata Atlântica no norte do Espírito Santo, mantida pela Vale oficialmente desde 1978. Entre as iniciativas, a RNV ajuda no combate a incêndio, vigilância, gestão e monitoramento ambiental.  “Estamos estudando iniciativas que fortaleçam a redução de emissões por desmatamento evitado, como REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), além de outros serviços ecossistêmicos, e que possam ser escalados por meio de parcerias com agentes públicos, privados e da sociedade civil”, comenta Luz. 

Atualmente, a Vale ajuda a proteger quase 1 milhão de hectares de florestas no mundo – a maior parte na Amazônia, onde a mineradora atua em parceria com o ICMBio, seis unidades de conservação, conhecidas como Mosaico de Carajás. Localizado no sudeste do Pará, o Mosaico de Carajás soma cerca de 800 mil hectares de floresta, onde estão estocadas 490 milhões de toneladas de carbono equivalente. Do Mosaico saem mais de 60% da produção de minério de ferro da Vale, mas as atividades ocupam menos de 1,5% do total do Mosaico de Carajás. 

Entre 2009 e 2019, a Vale investiu pouco mais de R$ 600 milhões em projetos de pesquisa e proteção, não apenas do Mosaico de Carajás, mas também de toda a Amazônia Legal. Deste total, R$ 135 milhões foram destinados pelo Fundo Vale a mais de 75 iniciativas entre instituições de pesquisa, governos locais, ONGs, startups e associações comunitárias para a proteção de mais de 23 milhões de hectares de floresta. Já o ITV, sediado em Belém, investiu R$ 322 milhões e publicou quase 400 trabalhos técnico-científicos. Por fim, no Mosaico de Carajás, a Vale destinou R$ 145 milhões entre 2015 e 2020, para atividades de proteção das seis unidades de conservação. Em maio deste ano, uma nova parceria foi assinada com o ICMbio, na qual serão aplicados mais R$ 83 milhões até 2023.

Para tornar-se carbono neutra em 2050, a Vale irá investir pelo menos US$ 2 bilhões para reduzir em 33% suas emissões de carbono diretas e indiretas (escopos 1 e 2) até 2030, com base nas emissões do ano de 2017, e ajudar a reduzir em 15% as emissões de seus fornecedores e clientes (escopo 3) até 2035, considerando as suas emissões de 2018.