Prêmio ECO Amcham por projeto de biomassa

02/08/2022
Projeto premiado substitui o gás natural ou o óleo por biomassa de cavaco de madeira de eucalipto, proveniente de área de reflorestamento.

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) recebeu o prêmio ECO Amcham Brasil 2022, na modalidade Práticas de Sustentabilidade, Categoria Processos para Grandes Empresas, com o projeto que substitui o gás natural ou o óleo por biomassa de cavaco de madeira de eucalipto, proveniente de área de reflorestamento para o abastecimento das caldeiras da refinaria de alumina (óxido de alumínio).

A fábrica da empresa em Alumínio (SP) é uma das primeiras a utilizar 100% de vapor originado da biomassa em uma das etapas mais eletrointensivas da produção do alumínio. Desenvolvida em parceria com a ComBio Energia e implementada em 2020, a caldeira movida à biomassa, ou Unidade de Produção de Vapor (UPV), já contribuiu com uma redução de 63,6% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) por tonelada de alumina nessa etapa de produção. Isto significa que as emissões que somavam 0,55 tCO2e/t alumina em 2019, caíram para 0,31 em 2020, e para 0,20 tCO2e/t no ano de 2021, sendo que a média da indústria global é de 1,21 tCO2e/t alumina. “Até o fim de 2021, evitamos o consumo de 165 milhões de m³ de gás natural, que corresponde a emissão de 342 mil toneladas de CO2e, considerando os ganhos desde o início da operação da caldeira. Esse montante equivale à captura de carbono de cerca de 1.296 hectares de Mata Atlântica em um período de 30 anos após o plantio”, afirma Leandro Faria, Gerente Geral de Sustentabilidade da CBA. Além dos benefícios ambientais, Faria diz que a iniciativa gerou impacto social positivo na preservação e geração de empregos, pois os profissionais que operavam as antigas caldeiras tiveram os seus empregos mantidos por meio de remanejamento interno das equipes, e a operação da nova caldeira gerou 50 novos empregos por meio da ComBio, empresa parceira do projeto. 

A CBA investiu cerca de US$ 30 milhões no projeto de substituição das caldeiras movidas à óleo  ou gás natural pela Unidade de Produção de Vapor (UPV), alimentada por cavacos de madeira de eucalipto obtidos de áreas de reflorestamento. A UVP tem capacidade para atender toda a demanda a vapor da CBA e inclui um sistema de alimentação. A novidade foi instalada como parte do processo produtivo. “É como se a ComBio tivesse construído uma minifábrica dentro da CBA. E toda essa estrutura de oito mil m² exige atenção especial, como alimentação da fornalha 24 horas por dia, sete dias por semana”, destaca Faria. 

A ComBio decidiu iniciar a operação já com uma reserva de eucalipto de reflorestamento de quatro anos para afastar riscos de abastecimento da refinaria da CBA. Mesmo assim, o projeto também conta com uma célula de pesquisa e desenvolvimento para criar outras formas de biomassa. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) selecionou o projeto da CBA para apresenta-lo durante a COP26, realizada na Escócia em novembro de 2021, como um dos bons exemplos da indústria do alumínio na gestão das mudanças climáticas. 

A CBA tem investindo ao longo de décadas para garantir capacidade própria de gerar 100% da energia necessária para a produção de alumínio de forma autônoma e totalmente renovável em toda a cadeia produtiva. A empresa atua na mineração da bauxita, na produção do alumínio primário (lingotes, tarugos, vergalhões e placas) e produtos transformados (chapas, bobinas, folhas e perfis) e possui 21 usinas hidrelétricas próprias ou de consórcios que participa com capacidade instalada para geração de 1,6GW de energia elétrica, por meio de 21 usinas hidrelétricas. Na busca da diversificação da matriz energética, a CBA adquiriu de dois parques eólicos -Ventos de Santo Anselmo e Ventos de Santo Isidoro - , no Nordeste, com 171,6 MW de capacidade instalada, que têm início da operação prevista para 2023. 

A companhia avançou na frente ambiental, onde três de suas metas foram aprovadas, em maio pelo SBTi (Science Based Targets), alinhando o compromisso da CBA às metas com base em critérios científicos, e tornando-se a primeira produtora de alumínio primário do mundo a ter suas metas aprovadas pela instituição. O objetivo da CBA é reduzir em 40% as emissões, na média dos produtos fundidos, desde a mineração, até 2030 (base 2019). “Investimentos em uma matriz energética mais limpa e sustentável em todas as etapas de produção industrial podem gerar efeitos positivos para o meio ambiente”, assegura Leandro Faria, confiante de que a mudança também representa um benchmark para que outras empresas adotem iniciativas relevantes como a da caldeira à biomassa, contribuindo ativamente para o combate às mudanças climáticas.