Indústria têxtil desenvolve solução de reaproveitamento

04/06/2023
Material desenvolvido pode voltar como insumo ou ser usado em diversas aplicações comerciais e industriais

O BW Works SENAI – Empresas Inovadoras, uma iniciativa do Movimento BW, com o apoio do SENAI, transmitido no dia 31 de maio, com apresentação de Luís Gustavo Delmont, especialista em desenvolvimento industrial no SENAI Nacional, para debater os desafios da indústria têxtil em âmbito ambiental, já que cerca de 20% dos tecidos utilizados para a confecção de peças de vestuário se transformam em resíduos.

João Carlos Oleksinski de Andrades, diretor da Libértecce e participante do encontro, disse que a empresa em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Engenharia de Polímeros desenvolveu uma solução para transformar resíduos sintéticos em matérias-primas, que podem ser reutilizadas nas indústrias têxtil, calçadista, moveleira, automotiva e de plásticos, na fabricação de armações de óculos e na geração de energia. A Libértecce produz mais de 200 mil toneladas de resíduos anuais, das quais 70% de resíduos sintéticos – poliamida e poliéster. “Um dos desafios desse processo é o tempo de geração deste resíduo estar alinhado ao consumo da matéria-prima pela indústria. Não podemos fazer todo o processamento para o material não ser utilizado”, explicou Andrades.
 
A solução pode ser usada na área de madeira plástica, que aceita resíduos mistos. Esse material pode ser usado para fabricação de cabos, telhas, pavers, bancos, painéis decorativos. Os resíduos de poliamida e poliéster também podem ser transformados em pellets para injeção de peças plásticas, como cabides, alavancas de cadeira e peças para máquinas agrícolas, para produzir componentes para calçados e acessórios e até lacres de segurança. Andrades afirmou que o material possui qualidade, durabilidade e resistência, podendo ainda ser leves, no caso de armação para óculos. “É uma tecnologia muito promissora para a indústria têxtil”. A empresa conseguiu também realizar a reciclagem mecânica de elastano junto com outras fibras. “O algodão e o poliéster, por exemplo, não possuem as características de elasticidade do elastano, mas conseguimos manter as propriedades do elastano”,

Outra tecnologia apresentada foi a geração de energia pela própria indústria, através da gaseificação. A partir do uso de pequenos tecidos, etiquetas e elásticos que sobram das máquinas de costuras, as indústrias de menor porte, principalmente, poderão alimentar o motor que gera energia elétrica com o gás combustível vindo do processo. O diretor afirmou que a tecnologia possui ótima eficiência térmica, com produção de energia entre 25 e 70 kW. “A tecnologia precisa de 7 kg de resíduo por hora para atingir 800°C, transformando o sólido em gás combustível. As indústrias poderão usar ainda essa energia no tingimento, que trabalha também com calor”. Para isso, a solução será colocada em um contêiner com um módulo gaseificador. A empresa ainda está testando a tecnologia em outras áreas geradoras de resíduos, como plásticos e borracha.