60% dos resíduos líquidos são descartados ilegalmente

27/12/2023
"Os danos ambientais decorrentes dessa negligência são relevantes"

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), aproximadamente 60% dos resíduos líquidos gerados pelas indústrias no País ainda são despejados em redes de esgotos e corpos hídricos sem nenhum tratamento. Para Lívia Baldo, especialista em gestão de resíduos e gerente da Tera Ambiental, empresa focada na valorização e transformação de resíduos orgânicos líquidos e sólidos, “os danos ambientais decorrentes dessa negligência são relevantes. Além disso, as empresas que fazem o descarte irregular podem ser legalmente punidas, autuadas com pesadas multas e expostas de modo negativo à opinião pública, com prejuízos à sua imagem e reputação”.

Uma saída para as empresas, aponta a especialista, é a adoção de sistemas eficazes de tratamento que permitam o reaproveitamento dos resíduos, como o praticado pela Tera Ambiental. “De um lado, a água remanescente do tratamento adequado (efluente tratado) é lançada no Rio Jundiai, abastecendo, mais adiante, as cidades do entorno. De outro, o lodo gerado no processo de tratamento é transformado em fertilizante orgânico, por meio da compostagem em larga escala, sendo utilizado para a adubação de diversas culturas agrícolas e jardins. Neste ciclo, percebemos que se concretiza o conceito de que nada se perde, tudo se transforma", enfatiza a especialista.  

Ela acrescenta que a Tera sugere às indústrias a modalidade offsite, na qual os efluentes são recolhidos no local da geração e transportados com segurança para estações de tratamento. Esse modelo é eficiente, seguro, atende às exigências legais e proporciona significativa economia, pois a empresa geradora não precisa arcar com despesas de construção, compra de equipamentos e operacionalização de uma unidade de tratamento. 

Dentre as vantagens do tratamento offsite apontadas por ela, estão: garantia de que os resíduos estão sendo descartados adequadamente, evitando a corresponsabilidade legal em casos de geração de passivos ambientais; possibilidade da gestão focar totalmente no escopo principal do negócio; eliminação de imprevistos e acidentes ambientais que podem ocorrer nas estações de tratamento; todos os riscos operacionais são assumidos pelo terceirizado; e redução de custos trabalhistas, não havendo necessidade de contratação de mão de obra.

“Mais do que um requisito imposto pela nossa legislação, o tratamento de efluentes é uma prática de responsabilidade ecológica e uma forma de investimento, pois a empresa amiga do ambiente cumpre a lei, atua de modo sustentável e ganha o respeito e a fidelização do consumidor, indiretamente revertidos em lucro”, finaliza Lívia Baldo.