Zoólogo critica falta de monitoramento

20/04/2015
"Poluir é fácil e rápido. A descontaminação demora muito tempo e é cara. A tendência é piorar."

"Poluir é fácil e rápido. A descontaminação demora muito tempo e é cara. A tendência é piorar. Falta investimento em estudo e monitoramento”. A afirmação é do professor de Zoologia dos Invertebrados da Unesp Campus do Litoral Paulista, em São Vicente, Marcelo Pinheiro. O professor revela que a contaminação dos caranguejos-uçá por metais pesados, em manguezais da Baixada Santista, ficará pior após incidente no terminal da Ultracargo, na Alemoa, em Santos. O incêndio provocou a contaminação da água do canal do estuário e pode ser a causa da morte de milhares. “O problema maior é a contaminação. A falta de oxigênio (que provocou a mortandade) é decorrente da mistura do produto químico misturado na água do estuário para resfriar os tanques. Não tenho conhecimento se houve tratamento ou barreira para que eles não fossem lançados. O volume é de bilhões de litros de água”, explicou o professor. Segundo o pesquisador, os animais herbívoros — que se alimentam da vegetação — como o caranguejo-uçá, por exemplo, também sofrerão as consequências da poluição. “Os caranguejos são mais resistentes aos poluentes, mas se a vegetação absorver a contaminação eles vão comer e, futuramente, poderemos verificar mortandade e também a escassez de algumas espécies. Se formos ao manguezal e fizermos testes sanguíneos nesses animais com certeza já terá alteração”, destacou Pinheiro.