SÃO PAULO

SSA debate conservação do solo

05/09/2016

O secretário de Agricultura e Abastecimento (SSA) do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, participou, dia 24 de agosto, no Parque Tecnológico de Piracicaba de encontro onde foram debatidos os desafios do setor sucroalcooleiro, a conservação do solo e da água nas áreas de cultivo e o controle dos prejuízos causados pela mosca-dos-estábulos, cuja incidência tem sido mais frequente em locais onde há o acúmulo de resíduos agroindustriais, como a vinhaça e a torta de filtro, associados à palha da cana. “Quando há uma grande evolução, como ocorreu com a mecanização da colheita da cana-de-açúcar, surgem novos desafios. Precisamos manter uma boa sintonia com os municípios para que o nosso trabalho funcione”, afirmou Jardim.

O evento reuniu centenas de produtores, representantes de usinas, pesquisadores e técnicos dos Escritórios de Defesa Agropecuária (EDA) e de Desenvolvimento Rural (EDR) das regionais de Limeira, Sorocaba, Mogi Mirim, Campinas e Piracicaba. Novas práticas para conservação do solo e da água nas áreas de cultivo da cana foram atualizadas e compiladas no Boletim Técnico “Recomendações de Práticas Conservacionistas para a Cultura da Cana-de-Açúcar”, apresentado aos participantes da reunião pela pesquisadora da Secretaria que atua no Instituto Agronômico (IAC) Isabella Clerici De Maria. O documento foi elaborado com auxílio de consulta pública e atualmente passa por uma revisão e será disponibilizada em breve. “As mudanças no sistema de manejo da cana-de-açúcar provocaram impacto no solo e isso se relaciona principalmente ao aumento da mecanização, o que passou a ser uma preocupação de todo o setor. Nas diferentes condições de paisagens, temos várias práticas e três estratégias principais, que são o aumento da cobertura e da infiltração e o controle do escoamento superficial”, explicou a pesquisadora. No evento, o pesquisador André Vitti apresentou as características do trabalho da Secretaria, alertando sobre a necessidade de observar a topossequência de solos em cada região do Estado.

Apesar de não ter ainda uma solução definitiva, a elevada incidência da mosca-dos-estábulos especialmente na região oeste do Estado, - onde o solo argiloso dificulta a infiltração da vinhaça- exige ações imediatas para evitar possíveis focos de larvas, conforme orientaram os pesquisadores da Secretaria durante palestra sobre o tema. Para o Diretor técnico do EDR de General Salgado, Sidney Ezídio Martins, um dos palestrantes do evento, o controle da mosca deve envolver tanto os produtores como os representantes das usinas. A picada do inseto hematófago causa dor e incômodo, transmite doenças, ocasiona a perda de 15 a 20% de peso do gado e queda de até 60% na produção de leite.

Para o pesquisador, com a suspensão da queimada é preciso estar alerta ao empoçamento do líquido no solo, visto que a larva se desenvolve no período de 48 horas. Às usinas, o especialista recomenda a escarificação e a subsolagem da palha antes do despejo da vinhaça, bem como promover a manutenção periódica dos sistemas de aplicação da vinhaça; vistoriar as áreas e, se necessário, fazer a drenagem e aplicação de calcário nas poças. “Já os pecuaristas devem adotar boas práticas sanitárias, com a limpeza e remoção de dejetos e resíduos animais; eliminar o uso de cama de frango ou adubos orgânicos nas áreas consideradas de maior risco para o surgimento de larvas e utilizar armadilhas para controle do inseto”, explicou.