Saneamento é mais atrativo para investimentos, conforme EY

29/01/2024
No setor de energia elétrica, o destaque fica para a estruturação e regulamentação dos últimos anos

Segundo a 10ª edição do Barômetro da Infraestrutura, estudo realizado a cada seis meses pela consultoria e auditoria EY em parceria com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), o saneamento básico segue como principal setor atrativo para investimentos com 61,5% das respostas, seguido por energia elétrica (46,9%) e rodovias (32,4%). “Nosso principal objetivo é realizar avaliações setoriais de qualidade, que ofereçam uma contribuição efetiva às autoridades públicas e aos agentes institucionais na formulação e na gestão de políticas públicas para a promoção do desenvolvimento da infraestrutura brasileira”, diz Gustavo Gusmão, sócio da EY para o setor de Governo e Infraestrutura. O setor de saneamento básico mantém a liderança no estudo desde 2019, mas as iniciativas recentes como o Marco do Saneamento trouxeram ainda mais holofote para as oportunidades deste mercado. “Sem dúvida, o Marco foi um impulsionador importante para aumentar as intenções de aporte no setor, criando uma confiança e entusiasmo. Sem contar que, o déficit histórico de investimentos nessa área também faz crescer esse apetite”, explica Gusmão.

No setor de energia elétrica, o destaque fica para a estruturação e regulamentação bem dos últimos anos. “Como esse é um tema que tem uma regulamentação mais avançada e encaminhada, acaba gerando uma situação mais confortável e segura para os investidores, principalmente da iniciativa privada”, afirma o executivo. Para Gusmão, “o crescimento do apetite por investimentos em rodovias parece estar muito atrelado ao novo PAC (Programa de Aceleração e Crescimento) do governo federal e a iniciativas estaduais de concessões rodoviárias observadas em 2023”. Para o representante da EY, o Novo PAC atraiu investimentos públicos e privados nessa agenda. “Inclusive, esse otimismo em relação ao novo PAC foi um dos pontos de destaque dessa edição do Barômetro”, completa.

A maioria dos entrevistados (51,5%) apontou que as medidas e propostas do Novo PAC atendem parcialmente às expectativas. Esses resultados podem influenciar o rumo da agenda de concessões e PPPs (Parcerias Público-Privada), já que o programa promove apoio às parcerias e concessões na implementação da maioria dos projetos estruturantes. A maior participação privada nos investimentos foi o ponto mais citado, com 45,9%. “De forma geral, há sim um otimismo sobre esse programa, mas conseguiremos ter um termômetro mais assertivo nas próximas edições do estudo, nas quais já teremos uma estruturação maior das iniciativas e maior tempo do governo federal no comando”, reforça o executivo.
Outro aspecto percebido nesta edição do estudo foi um maior protagonismo dos governos estaduais em relação ao federal. “Esse indicativo mostra que o mercado está vendo os governos estaduais com maior agilidade e capacidade para tirar os projetos do papel”, comenta o executivo. “Além do governo federal estar no começo da gestão é importante ressaltar que a agenda federal por si só já é mais morosa e complexa”, completa. Numa escala de 0 a 10, na 10ª edição, o governo federal ficou com uma nota 5,3 contra 4,6 da pesquisa anterior e o governo estadual subiu para 5,8 contra 5,6.

Segundo a previsão global feita pela Forrester, os gastos com software de Inteligência Artificial já prontos para uso e personalizado devem dobrar de US$ 33 bilhões em 2021 para US$ 64 bilhões em 2025, crescendo 50% mais rápido do que o mercado geral de softwares, com uma taxa de crescimento anual de 18%. Para o executivo, “na infraestrutura, a IA tem um enorme potencial para acelerar a coleta e o processamento de dados em projetos de PPPs e concessões. Sem contar que a otimização dessas etapas reduzirá significativamente os prazos de estruturação de projetos”. 
Atualmente, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) em parceria com a Embratel desenvolve um projeto com IA para automatizar a identificação de vazamentos na rede de distribuição de água tratada em Brasília. Com o uso de sensores fixos instalados nas tubulações de maneira não invasiva, ou seja, sem perfurações na estrutura ou contato com a água, os quais através de uma conectividade M2M (machine to machine) e dispositivos de Internet das Coisas (IoT), eles são capazes de identificar a localização exata dos vazamentos por meio de vibrações e ruídos dos canos. Assim, uma IA coleta e armazena as informações, apresentando-as em um painel de controle que envia alertas e fornece recomendações para apoiar a equipe técnica da Caesb, agilizando e otimizando as ações de reparo. “Quanto maior a proporção de área coberta pela infraestrutura e o tempo de monitoramento, maior será a precisão dos resultados da coleta de dados. Essa precisão é obtida graças ao processo de aprendizagem contínuo presente nas soluções de IA, que além de se desenvolver pelo processamento de informações, constrói relatórios gerenciais complexos que auxiliam os especialistas em análises robustas e tomadas de decisão”, explica Gusmão. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), no ano de 2021, a cada 10 litros de água que deveriam ser entregues às casas brasileiras, 4 são desperdiçados. “Isso significa que 40% da água própria para consumo no país é perdida, o que demonstra que esse projeto pode mitigar o problema do desperdício a nível nacional, uma vez que a solução automatiza, em tempo real, a detecção de vazamentos, reduzindo os possíveis desvios”, complementa.