ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Programa de divulgação e valorização do Aquífero Guarani

22/04/2015
A importância do Aquífero Guarani, como o quarto maior reservatório subterrâneo de água doce do mundo e relevante item do patrimônio geológico mundial, motivou um grupo de pesquisadores e geólogos a criarem um programa abrangente de divulgação, valorização e preservação dessa fonte de água que se abriga em rochas formadas em ambiente desértico há milhões de anos. São eles: Valter G. Gonçales, da empresa DH Perfuração de Poços Ltda; Virginio Mantesso-Neto, membro do ComGeo, Conselho Estadual de Monumentos Geológicos de São Paulo; o consultor Andrea Bartorelli; Celso Dal Ré Carneiro, do Instituto de Geociências, da Unicamp (Campinas / SP); Luiz Eduardo Anelli, do Instituto de Geociências, da Universidade de São Paulo (USP); e Berenice Balsalobre, Curadora do Museu de Mineralogia Aitiara, em Botucatu (SP). 
 
Conforme explica Walter Gonçales, a iniciativa começa no Estado de São Paulo mas o grupo busca parcerias para expandí-la a outras regiões. São previstos vários tipos de recursos didáticos, como Percursos Pedagógicos Geológicos e painéis educativos, a serem colocados em áreas de acesso gratuito à margem de rodovias, de modo a destacar a importância, os atrativos e a necessidade de preservar o Aquífero como fonte de abastecimento de água e como herança geológica. 
 
O programa terá caráter permanente e constará de instalações fixas e atividades didáticas de vários tipos. Começará na cidade de Botucatu (SP) e em médio e longo prazos a iniciativa passará a ter alcance nacional e internacional, principalmente por associações e parcerias. A participação é aberta a todos os interessados, tanto pessoas físicas quanto instituições, com um enfoque transdisciplinar. Um dos objetivos do projeto é mostrar a importância do Sistema Aquífero Guarani (SAG) e a necessidade de sua conservação, além de levar ao conhecimento público alguns dados relevantes sobre a sua história geológica e suas relações com a história, a cultura e a vida das populações que vivem na região. “Na realidade, essa é uma situação tão óbvia e natural que chega a passar despercebida no dia a dia – mas faz sentido reconhecer que a base física é um dos elementos-chave na constituição de qualquer ecossistema”, prossegue Gonçales, citando como exemplo a preferência de muitas aves (como araras e papagaios) por fazer seus ninhos nas cavidades e frestas de falésias – feição geomorfológica muito comum na Formação Botucatu, e a Programa de divulgação e valorização do Aquífero Guarani afinidade de certas espécies de palmeiras (como a indaiá) por solos arenosos e bem drenado. 
 
Na fase inicial do Projeto, a ser implantada na região de Botucatu, está prevista a identificação de alguns geossítios, que não serão necessariamente originais – “muitos locais de interesse podem já estar identificados e caracterizados como tal, ou mesmo já classificados como geossítios por outros instituições”, explica o geólogo. Outras ações contemplam eventuais musealizações in situ, no momento atual ou no futuro, dentro do conceito de exomuseu; colocação, em áreas de acesso gratuito, preferencialmente com grande circulação de pessoas, tanto na cidade como em locais estratégicos das Rodovias Castelo Branco e Marechal Rondon – particularmente em grandes postos de gasolina com restaurante/centro de compras anexo – de placas educativas, maquetes etc., confeccionadas segundo técnicas específicas para a divulgação de Ciências da Terra. Para despertar a curiosidade sobre as características do Aquífero Guarani, o grupo pretende montar um modelo 3D de geometria do SAG na região de Ourinhos (SP), além de um modelo de um urólito, único exemplar no mundo de marca deixada por um autêntico "xixi de dinossauro". Folhetos variados, incluindo desde a apresentação do Projeto como um todo até a descrição das particularidades e valor científico e educacional de geossítios específicos serão distribuídos em áreas de grande circulação de pessoas. 
 
Outra importante ação é a preparação de um “ambiente SAG” no Museu de Mineralogia Aitiara, com vários recursos educacionais, adequados a diversas características dos futuros visitantes, tais como suas idades, interesses principais, etc. Uma vez tendo esse novo recurso em operação, o Museu desenvolverá atividades para otimizar o seu uso. 
 
Recursos para o projeto
 
Virgínio Mantesso, por sua vez, ressalta que parcela significativa dos recursos para a fase inicial do Projeto será aportada na forma de mão de obra e dedicação de tempo, particularmente pelos membros do grupo. Para a preparação e produção dos painéis educativos e dos folhetos, poderão ser usados os eventuais órgãos da Prefeitura que produzam material semelhante. Walter Gonçales salienta, entretanto, que seria interessante que o grupo pudesse contar com algum tipo de aporte, na forma de recursos humanos auxiliares, e também na forma de alguma ajuda de custo ou custeio de despesas. 
 
Para que o projeto não fique apenas na “euforia da inauguração”, Gonçales defende, para sua continuidade, torná-lo parte de um programa institucional, vinculado a uma instituição sólida. Assim, foi escolhido para seu berço o Museu de Mineralogia Aitiara, em Botucatu, e desde já pleiteado o apoio efetivo da Prefeitura Municipal de Botucatu, ficando para etapas futuras a busca do apoio de outras instituições a serem oportunamente identificadas. Os contatos com o Projeto podem ser feitos pelo e-mail projeto.guarani@uol.com.br