Resíduos sólidos respondem por 4%

29/05/2021
Desde 2010, as emissões cresceram 23%, sendo que 65% delas são provenientes de aterros sanitários, aterros controlados e lixões.

Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG, 2020), os resíduos sólidos urbanos responderam por 4% do total de emissões de gases de efeito estufa no Brasil em 2019, o que significa à emissão de 96 milhões de toneladas de CO2 equivalente, sendo que as usinas de recuperação energética podem evitar 48 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, segundo estudo realizado pela ABREN.

Desde 2010, as emissões cresceram 23%, sendo que 65% delas são provenientes de aterros sanitários, aterros controlados e lixões. O 5º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que as usinas de recuperação energética de resíduos (URE) reduzem em oito vezes as emissões de gases de efeito estufa quando comparadas com os aterros, e são a forma mais eficaz para mitigação dos gases de efeito estufa dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Para cada tonelada de resíduo tratado em uma URE, deixa-se de emitir cerca de 1.550 kg de CO2 equivalente em relação a aterros com 20% de queima por flare de segurança. 

As URE estão sujeitas a mais rigorosa legislação ambiental e são equipadas com sistemas de tratamento de gases de combustão altamente eficientes, com valores típicos de emissões entre 50% e 75% abaixo dos valores-limite impostos pela diretiva Europeia 2010/75/EU. Esta diretiva significa que há um monitoramento dos limites de emissões de mais de 20 componentes, ao passo que em plantas de combustão com capacidade térmica superior a 50 MW apenas três componentes poluentes são monitorados. A resolução SMA 79/2009 adotada pelo Estado de São Paulo utilizou esta diretiva como referência. Os aterros estão sujeitos a regulamentos mínimos de emissão de ar, apesar da emissão de mais de 170 poluentes e 46 toxinas do ar, incluindo quatro cancerígenos conhecidos e 13 prováveis.

Um estudo realizado pela Comissão Europeia indicou que a recuperação energética de 10 mil toneladas de resíduos pode criar até 40 postos de trabalho. Durante a fase de construção de usinas URE, são necessários em média de 200 a 300 trabalhadores diretos no pico da obra, que dura cerca de 36 meses. Na fase operacional, uma planta de tamanho médio pode gerar cerca de 80 a 100 empregos diretos permanentes durante 30 anos, sem considerar os indiretos. Por outro lado, para cada 10 mil toneladas de resíduos enviados a aterros, estima-se a criação de somente cerca de 10 postos de trabalho. 

A implementação de UREs no Brasil permitiria a recuperação de, em média, 23 kg de metais reciclados para cada tonelada de resíduo tratado. A implantação de usinas em 28 regiões metropolitanas Brasileiras, com mais de 1 milhão de habitantes, e também nas capitais brasileiras cujos aterros sanitários se situam em área de preservação ambiental, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Vitória (ES), Belo Horizonte (BH), Curitiba (PR), Recife (PE), Teresina (PI), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e Aracaju (SE) teria potencial de recuperar mais de 800 mil toneladas de metais por ano, que continuariam enterrados e perdidos, enquanto os aterros não permitem a recuperação de metais.